segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Shows de 2010 e o rock alternativo na minha vida

Enfim terminou a temporada de shows de 2010, pelo menos para mim. Alguns meses de tensão e expectativa, mas tudo realizado maravilhosamente bem conforme planejado. Tirando a performance do Phoenix que conseguiu me encantar também por conta da interatividade do vocalista com o público, todos os outros shows tiveram um impacto especial muito por conta das lembranças da época em que muitas dessa bandas inspiravam minha vida.





Por exemplo, falar de Smashing Pumpkings me remete à época do colegial, quando o rock começava a ter uma importância maior para mim. Posso dizer que 1979 está na minha lista de músicas mais marcantes de todos os tempos, muito porque trazia um pouco do universo indie que logo depois entraria de cabeça. Tudo numa época em que era difícil achar música boa nas rádios, tempos em que o jabá era que comandava a programação.






Belle & Sebastian e Yo La Tengo já me remetem à época da faculdade, em que a leitura de jornais servia como uma maneira mais fácil de conhecer novas músicas, já que as rádios ainda eram resignadas em tocar algo mais independente nas rádios. Lembro que foi numa época em que fazia estágio na VR, que controlava a Trama, gravadora que apoiava diversos artistas nacionais e lançava vários discos de bandas alternativas que dificilmente teriam lançamentos no Brasil. Lembro que como estagiário conseguia desconto nos cds. Numa tacada só, comprei um monte de discos dessas bandas, que passaram a comandar a programação do meu dial. Foi legal ver no sábado o Kid Vinil apresentando as bandas no festival. Esse foi um dos caras que eu mais pegava dicas de bandas, já que na época ele comandava o Lado B na MTV e a programação da Brasil 2000, além de ser diretor artístico da Trama.





Já Air é uma influência direta do Adriano, que durante nossas viagens a partir do final da faculdade sempre punha o disco Moon Safári. Eu que sempre achava que eletrônico não era pra mim, me rendia para aquelas melodias densas mas ao mesmo tempo tão belas. Nessa época era o mp3 que já comandava minha vida, e foi fácil conhecer muitos discos deles. Ter visto Virgens Suicidas, com a trilha sonora deles me fez ver de como era legal um filme que privilegiava uma trilha sonora diferenciada.





Já Phoenix e Of Montreal me remetem há coisa de 5 anos atrás, época que conheci a Ju, em que as rádios digitais começaram a rolar por nossas bandas. Durante muito tempo comecei a ouvir a Woxy, dica do maleta do Álvaro Pereira Jr, que apesar disso, de vez em quando passava ótimas dicas. Logo de cara me interessei muito por Phoenix e Of Montreal, que agora, alguns anos depois, conseguem emocionar milhares de pessoas no Planeta Terra.





Mas a descoberta mais inesquecível mesmo do indie rock, que teve uma importância ímpar na minha vida, assim como Demian teve para Sinclair, foi quando tinha 14 anos. Estava num momento turbulento na minha adolescência, meio que isolado, num meio de um monte de gente que não gostava. De repente, mudo de período na escola e volto a ter amizade com os Gêmeos, considerados os loucos da rua. De repente ser o melhor da classe basicamente deixou ter importância. Estar com meus amigos era a coisa mais importante daquela época. Viajar com eles e um monte de outros amigos pra Ubatuba era o que agora me importava. De repente, nas tardes pós praia, junto às leituras de Bizz e revistas de Surf, os Gêmeos, mesmo curtindo baladinha, me vinham com alguma coisa vinda dos irmãos mais velhos deles, apaixonados por rock. Foi lá que descobri uma música bem diferente do que ouvia em SP, sei lá, menos urbana, mais próxima de low-fi. Um som de praia. Foi lá que descobri Paralamas de uma maneira tão intensa como naquele disco Arquivo. No ano seguinte, acho que já com 16, de repente, meus amigos me mostram Hey, Gounge Away e Monkeys gone to Heaven. Quando comecei a prestar atenção naquela melodia de Hey, me senti assim como o Bucha disse tempos atrás. Os caras tocavam um tipo de som que não sei porque se encaixava perfeitamente com aquilo que eu queria ouvir.






Nessa mesma época em Ubatuba conhecemos uma outra galera que curtia rock e Pixies também. Eu, como sempre curioso, pergunto pra eles o que havia de parecido com Pixies. Eles me falam de Pavement. Já no ano seguinte, no curto período que trabalhei numa locadora de CD, descubro o disco que tinha Cut your Hair do Pavement, junto com Nada Surf e Weezer. Sim em 97 já sabia do que gostava. Tudo que veio após pra mim meio que tinha que se encaixar nesse rock melódico de guitarras no talo que de repente descubro nas bandas indies americana. O resto é resto.


Um comentário:

  1. a revolução musical em cada década:

    anos 60: beatles
    anos 70: sex pistols
    anos 80: talking heads
    anos 90: pavement

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