segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Faze o que tu queres = Do it yourself





Segundona. 10 da noite. Não sei porque mas são nas segundas que mais tenho vontade de escrever, talvez pra contar um pouco do meu fim de semana que normalmente costuma ser muito mais interessante que o resto da semana. Noite de verão chegando. Todos na rua praticando algum tipo de esporte. Esse é o Rio de Janeiro que conheço. Praticar esportes acima de qualquer coisa. Dizem que a endorfina é uma droga poderosa, que nosso corpo produz e sempre quer mais. Para um cara que tinha no álcool um dos objetos de devoção de sua revolução pessoal, praticar esportes parece ser uma nova maneira de Tentar Outra Vez.





Falando em revoluções pessoais, vejo muitas mudanças na vida das pessoas mais próximas. 2 amigos mudando de cidade por conta de emprego e um outro em vias de largar seu trampo. Tudo muito novo. Tudo meio diferente. O verão ta chegando e também não quero perder o bonde. É necessário ter a motivação necessária pra traçar novos planos, sentir que não estou parado.






Não sei por conta dos shows que vi nesse ano, de bandas que me acompanharam em diversas das minhas revoluções pessoais, mas esses tempos foram bons pra lembrar de alguns momentos importantes em que tentei mudar o curso do trem da minha vida. No final de tudo, mesmo talvez com menos dinheiro, um pouco mais de stress, mas acredito que minha alma dormiu de maneira tranquila, porque tudo que procurei fazer em muitos momentos foi apenas tentar me encontrar. Buscar a minha identidade, procurar ser o que sou. E a vida vai seguindo. Serei sempre um sujeito feliz se sempre puder ter força de enfrentar novas revoluções pessoais no momento em que me ver perdido, trancado, fazendo uma coisa que não gosto, só porque alguém mandou. A vida é uma só...






É cada vez mais forte na minha mente ideais como os da Igualdade, Fraternidade e Liberdade, expressos nas cores da bandeira francesa. Respeite as minorias, as mulheres, os gays, os negros, o rock, era o que dizia a Revolução Cultural dos anos 60. Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei, de Raul Seixas tem o mesmo significado para mim que o lema punk do "it yourself".






Aproveito pra dizer que meu fim de semana, apesar do calor no Rio, foi regado de vibrações sensoriais trazidas por filmes americanos de baixo orçamento dos anos 70. Por módico 1 real, vi filmes que mexeram comigo, que me deixa cada vez mais insaciado na busca por filmes que me tragam um pouco de sentido nessa vida que passou por tantas revoluções mas ao mesmo tempo precisa de mais...Os filmes Corrida Sem Fim, Procura Insaciável e Bob & Carol & Ted & Alice me surpreenderam de maneira tão intensa como Brown Bunnie, Beleza Americana e Up in the Air. Cada vez fico mais surpreso com a cultura dos anos 70...Incrível como os cineastas conseguiam falar de temas tão densos. Talvez porque eram independentes, assim como a maioria das bandas que eu gosto começaram...Do it yourself

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Shows de 2010 e o rock alternativo na minha vida

Enfim terminou a temporada de shows de 2010, pelo menos para mim. Alguns meses de tensão e expectativa, mas tudo realizado maravilhosamente bem conforme planejado. Tirando a performance do Phoenix que conseguiu me encantar também por conta da interatividade do vocalista com o público, todos os outros shows tiveram um impacto especial muito por conta das lembranças da época em que muitas dessa bandas inspiravam minha vida.





Por exemplo, falar de Smashing Pumpkings me remete à época do colegial, quando o rock começava a ter uma importância maior para mim. Posso dizer que 1979 está na minha lista de músicas mais marcantes de todos os tempos, muito porque trazia um pouco do universo indie que logo depois entraria de cabeça. Tudo numa época em que era difícil achar música boa nas rádios, tempos em que o jabá era que comandava a programação.






Belle & Sebastian e Yo La Tengo já me remetem à época da faculdade, em que a leitura de jornais servia como uma maneira mais fácil de conhecer novas músicas, já que as rádios ainda eram resignadas em tocar algo mais independente nas rádios. Lembro que foi numa época em que fazia estágio na VR, que controlava a Trama, gravadora que apoiava diversos artistas nacionais e lançava vários discos de bandas alternativas que dificilmente teriam lançamentos no Brasil. Lembro que como estagiário conseguia desconto nos cds. Numa tacada só, comprei um monte de discos dessas bandas, que passaram a comandar a programação do meu dial. Foi legal ver no sábado o Kid Vinil apresentando as bandas no festival. Esse foi um dos caras que eu mais pegava dicas de bandas, já que na época ele comandava o Lado B na MTV e a programação da Brasil 2000, além de ser diretor artístico da Trama.





Já Air é uma influência direta do Adriano, que durante nossas viagens a partir do final da faculdade sempre punha o disco Moon Safári. Eu que sempre achava que eletrônico não era pra mim, me rendia para aquelas melodias densas mas ao mesmo tempo tão belas. Nessa época era o mp3 que já comandava minha vida, e foi fácil conhecer muitos discos deles. Ter visto Virgens Suicidas, com a trilha sonora deles me fez ver de como era legal um filme que privilegiava uma trilha sonora diferenciada.





Já Phoenix e Of Montreal me remetem há coisa de 5 anos atrás, época que conheci a Ju, em que as rádios digitais começaram a rolar por nossas bandas. Durante muito tempo comecei a ouvir a Woxy, dica do maleta do Álvaro Pereira Jr, que apesar disso, de vez em quando passava ótimas dicas. Logo de cara me interessei muito por Phoenix e Of Montreal, que agora, alguns anos depois, conseguem emocionar milhares de pessoas no Planeta Terra.





Mas a descoberta mais inesquecível mesmo do indie rock, que teve uma importância ímpar na minha vida, assim como Demian teve para Sinclair, foi quando tinha 14 anos. Estava num momento turbulento na minha adolescência, meio que isolado, num meio de um monte de gente que não gostava. De repente, mudo de período na escola e volto a ter amizade com os Gêmeos, considerados os loucos da rua. De repente ser o melhor da classe basicamente deixou ter importância. Estar com meus amigos era a coisa mais importante daquela época. Viajar com eles e um monte de outros amigos pra Ubatuba era o que agora me importava. De repente, nas tardes pós praia, junto às leituras de Bizz e revistas de Surf, os Gêmeos, mesmo curtindo baladinha, me vinham com alguma coisa vinda dos irmãos mais velhos deles, apaixonados por rock. Foi lá que descobri uma música bem diferente do que ouvia em SP, sei lá, menos urbana, mais próxima de low-fi. Um som de praia. Foi lá que descobri Paralamas de uma maneira tão intensa como naquele disco Arquivo. No ano seguinte, acho que já com 16, de repente, meus amigos me mostram Hey, Gounge Away e Monkeys gone to Heaven. Quando comecei a prestar atenção naquela melodia de Hey, me senti assim como o Bucha disse tempos atrás. Os caras tocavam um tipo de som que não sei porque se encaixava perfeitamente com aquilo que eu queria ouvir.






Nessa mesma época em Ubatuba conhecemos uma outra galera que curtia rock e Pixies também. Eu, como sempre curioso, pergunto pra eles o que havia de parecido com Pixies. Eles me falam de Pavement. Já no ano seguinte, no curto período que trabalhei numa locadora de CD, descubro o disco que tinha Cut your Hair do Pavement, junto com Nada Surf e Weezer. Sim em 97 já sabia do que gostava. Tudo que veio após pra mim meio que tinha que se encaixar nesse rock melódico de guitarras no talo que de repente descubro nas bandas indies americana. O resto é resto.


sábado, 6 de novembro de 2010

Outubro Intenso

Após uma semana pós feriado de muito sol aqui no Rio, temos novamente um sábado chuvoso por aqui. Enfim estou em casa tranqüilo. Momento pra lembrar que há tempos não posto nada no blog. Infelizmente não consegui postar a tempo um texto sobre o Pixies, por conta da vinda do show deles no SWU, que foi inesquecível, da mesma maneira quando eles vieram em 2004 e que foi tão importante naquele momento da minha vida. Meses depois daquele show, largava o mestrado e descobriria os encantos do Sul e do Planalto Central.

Espero futuramente falar mais sobre o Pixies, talvez a banda mais importante da minha vida. Enquanto isso, ponho pra tocar La la love you, o som que mais me marcou naquela noite de Itu...





Além do SWU, praticamente viajei todo fim de semana, muito por conta dos feriados, mas também em razão de algumas confraternizações com os amigos, como o casamento do Carlinhos e a reunião da turma da velha guarda em Atibaia. Também esse tempo foi marcado por algumas visitas no meu ap, bom pra sair pelos bares do Lapa e Botafogo, além de tomar umas com as visitas em casa. Nesse meio tempo passei um fim de semana em Ilha Grande. Muito bom a vilinha de Abrãao à noite.


Tempos de eleição e me surpreendi com as manifestações de preferência de voto na internet, e que muito me decepcionou sobre o nível educacional dos muitos que participam na rede. Me envolvi nas discussões a respeito da questão do aborto, sustentabilidade, privatizações, papel do Estado e da Igreja, evangélicos, Tropa de Elite.

Tempos que foi legal sair 2 sextas em Sampa com Alex, Diogo, Playmobil, Bucha e Paulão. Bom sentir como a cena musical paulistana está quente e com tanto som bom rolando lá pelo Baixo Augusta, com Tapas e Talco Bells. Algo tão cosmopolita que poderia ta rolando em qualquer lugar do Mundo. Também foi muito bom beber e conversar com amigos que fazia tempo que não ficava até a madrugada, como foi no feriado em SP quando troquei altos papos com minha irmã, Celso e Ju. Numa das outras madrugadas, com muita cerveja, falei sobre yoga e budismo com o Mequetrefe, amigo das antigas, do violão, que há tempos não via e foi resgatado pelo Edu. Numa hora ele me fez acompanhar seu gesto que me lembrou do desenho que Sinclair ganhou de Sidarta, nome do livro que li nesse ano que tanto me trouxe inspiração de vida. Aproveito pra por a música daquela noite, que consegui fazer um solo magistroso, e me deu vontade de me envolver novamente com o violão. Mapa do Meu Nada, Cássia Eller.

Doido desejo chupando dedo num beco
cheio de bêbados trêbados
Chutando os prédios, pregando prego no prego
Réu da razão, do suplico, cuspe fútil
Nessa estrada cariada
Só você é o meio-fio de luz
Contramão sinalizada
No mapa do meu nada
Canção emocionada
Trajeto por teus fios







Em diversas dessas conversas veio a tona o momento do meu questionamento sobre algumas coisas na minha vida, como a tensão do meu trabalho e a solidão do Rio. Parece uma energia saltando de mim, que já não aceita mais o mundo kafkaniano que parece que me meti. Burocracia, conservadorismo, superficialidade, estabilidade, individualismo. Fazer coisas que eu não gosto, só porque alguém mandou, como diz a música Sapato 36, que toquei na festa de Atibaia e que fez muito sucesso por lá, talvez por conta da presença do meu pai naquele momento, no meio de tantos jovens de 30 e 40 anos...Inclusive toquei essa música por conta do bar que eu fui na Lapa em que pedi pra Tocar Raul e os caras me vieram com esse som, mais Meu Amigo Pedro e SOS.


Pai eu já tô crescidinho
Pague prá ver, que eu aposto
Vou escolher meu sapato
E andar do jeito que eu gosto
E andar do jeito que eu gosto
Por que cargas d'águas
Você acha que tem o direito
De afogar tudo aquilo que eu
Sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer
Na realidade
No dia em que você souber respeitar
A minha vontade








E olha que coincidência. Presto atenção na letra de um som rolando na vitrola. Outro sonzasso da Gal que descobri há pouco tempo:

Pois agora vou recomeçar
E daqui pra frente eu vou mudar





Aproveito para por o som Meu nome é Gal, que tocava enquanto escrevia esse post. Admiro todos eles também:

“Meu nome é Gal, tenho 24 anos
Nasci na Barra Avenida, Bahia
Todo dia eu sonho alguém pra mim
Acredito em Deus, gosto de baile, cinema
Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo,
Macalé, Paulinho da Viola, Lanny,
Rogério Sganzerla, Jorge Ben, Rogério Duprat,
Waly, Dircinho, Nando,
E o pessoal da pesada
E se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar
Não precisa sobrenome
Pois é o amor que faz o homem."