quinta-feira, 14 de abril de 2011

Raul, Renato, Eduardo e Monica

E o legal desses anos em que discografias completas estão a preços banana, é que eu posso ficar anos sem escutar uma banda e de repente, ela volta a tocar meu ipod como se estivesse estourando novamente nas rádios. Ano passado, como venho fazendo com diversas bandas, baixei despretensiosamente toda a discografia de Raul Seixas e Legião. Além de descobrir o lado B do lado B, resgatei na minha mente coisas que adorava e que estavam guardadas num cantinho das minhas lembranças. Lembro que o disco O Descobrimento do Brasil da Legião foi um dos que mais tocaram no meu ipod ano passado, muito por conta de um trecho de uma canção: “O sistema é maus, minha turma era legal, viver é foda, morrer é difícil, ter ver é uma necessidade. Vamos Fazer um Filme..."






Tempos depois, me vi caindo na melancolia do Quatro Estações. Talvez só ano passado fui entender realmente o que Renato Russo queria dizer em Meninos e Meninas: “Quero me encontrar, mas não sei onde estou. Vem comigo procurar algum lugar mais calmo, longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita... Tenho quase certeza que não sou daqui...Preciso de oxigênio, preciso ter amigos. Preciso de dinheiro, preciso de carinho... Acho que gosto de SP, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião”






De repente, em meio a tanta turbulência, encontrava eu num bar que tocava rock nacional da Lapa. Após tantas e outras, me vi pedindo desesperadamente pros caras tocar Raul e eles vieram com Sapato 36. Era tudo que eu precisava ouvir pra deixar de usar aquele sapato que tanto me incomodava. Até hoje é uma das canções mais tocadas, junto com Rockixe, que me fez lembrar o quanto é legal usar uma calça colorida e um novo way of life. Sim. “Aprendi a ficar quieto e começar tudo de novo”.






Já em 2011, com tudo mais calmo, Leandra manda no Facebook Andrea Doria, uma música que tinha pouco escutado, já que era um lado B do disco 2, que me faz lembrar dessa fita cassete dos meus irmãos na época que tinha 7 anos. Lembro até hoje no carro da família, com meus 2 irmãos e meus pais, momento raro, já que depois minha irmã começou a namorar e a partir daí sempre que íamos viajar, nos dividíamos entre o carro do meu pai e do meu chamado “futuro cunhado”.







Foi lá que escutei pela primeira vez Eduardo e Monica. Me identifiquei logo com a música, afinal era uma canção que levava o nome do meu irmão e da personagem dos gibis do Mauricio de Souza que já era fã. Claro que além daquela canção ser um folk tão bom quanto o melhor de Dylan, incorporava em sua letra assuntos pop, como o que Caetano fala na sua música Alegria Alegria, no filme Uma Noite em 67.






O engraçado é o quanto eu tinha de Eduardo naquela época, já que gostava de novela e jogava futebol de botão, não com meu avô, apesar dele ser altamente presente naquela época. Em muito sentido ainda continuo Eduardo, afinal ainda freqüento as aulinhas de inglês. De Mônica posso dizer que ela me influenciou positivamente em abstrair com mais facilidade uma cultura um pouco mais erudita. Passargada me inspirou no cursinho. “Lá, Sou Amigo do Rei.” Por conta das cores únicas em seus quadros, como sua loucura e seu fim trágico, Van Gogh sempre me intrigou desde a infância. No ginásio já era fã de Caetano e, na faculdade, de Mutantes. Da escola de design de Bauhaus, Adriano e Ju já comentaram a respeito. Adoro falar sobre o Planalto Central, também magia e meditação. Por outro lado, sempre adorei o esquema escola, cinema, clube, televisão. Da mesma forma Godard continua ininteligível pra mim até hoje.







Enfim. Depois de ter tocado com grande sucesso no aniversário do Diogo, essa canção voltou a tocar fortemente nos últimos dias, principalmente porque além de tudo que falei, ela se parece muito com a minha vida ao lado da Ju. Muitas vezes eu sou o Eduardo, ela é a Mônica. Muitas vezes é o contrário. Nos revesamos em explicar "coisas como o céu, a terra, a água e o ar. Além do mais, todo mundo diz "que ele completa ela e vice-versa que nem feijão com arroz..."






“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão...”

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